Nave investigadora de asteroide sobrevoa Marte e fotografa a menor lua do planeta

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, uma sonda lançada pela Agência Espacial Europeia (ESA) rumo ao Cinturão de Asteroides – que fica entre Marte e Júpiter – sobrevoou o Planeta Vermelho na quarta-feira (12). 

Essa aproximação foi programada com o intuito de usar a força gravitacional marciana para impulsionar a espaçonave, chamada Hera, até o destino: um sistema binário de asteroides atingido por uma missão de defesa planetária conduzida pela NASA há pouco mais de dois anos.

A passagem da sonda Hera por Marte serve como impulso extra no caminho para o sistema binário de asteroides Didymos. Crédito: ESA-Science Office

O principal objetivo da sonda europeia é estudar Dimorphos, a “lua” do asteroide Didymos, que foi desviada com sucesso pela agência norte-americana por meio da missão DART (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo) em setembro de 2022.

Durante o sobrevoo a uma distância de cerca de cinco mil quilômetros de Marte, a sonda Hera realizou observações da menor das duas luas marcianas, Deimos, como teste para calibrar alguns de seus 12 instrumentos.

Os dados coletados foram enviados à Terra e apresentados ao público em uma transmissão ao vivo no canal oficial da ESA no YouTube nesta quinta-feira (13), às 7h50 (pelo horário de Brasília), pela equipe científica da missão Hera a partir do Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) da ESA em Darmstadt, na Alemanha.

A lua Deimos cruzando a face de Marte nesta sequência de imagens do Thermal Infrared Imager adquiridas durante o sobrevoo da missão Hera no Planeta Vermelho em 12 de março de 2025. Crédito: ESA/JAXA

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Usar gravidade de Marte reduz tempo de viagem e combustível

Na apresentação, membros do time Hera explicaram que a manobra realizada para usar a gravidade de Marte como um impulso até o Cinturão de Asteroides foi pensada para reduzir o tempo de viagem e economizar combustível. “Nossa equipe fez um excelente trabalho ao planejar essa assistência gravitacional”, afirmou Caglayan Guerbuez, gerente de operações da missão.

Segundo ele, a sonda se deslocava a 9 km/s quando registrou o lado menos observado da lua Deimos, a uma distância de até 1.000 km. Com 12,4 km de diâmetro e coberta de poeira, esse satélite pode ser um fragmento de Marte expelido por um impacto ou um asteroide capturado pelo planeta.

A lua Deimos brilha muito mais do que Marte atrás dela nesta imagem do Thermal Infrared Imager adquirida durante o sobrevoo assistido por gravidade da missão Hera em 12 de março de 2025. Na luz visível, acontece o contrário: o satélite é muito menos reflexivo do que a superfície marciana. Crédito: ESA/JAXA

Três instrumentos científicos foram usados para analisar o objeto. A câmera de enquadramento 1020×1020 registrou imagens em preto e branco, enquanto o Hyperscout H, um sensor hiperespectral, identificou variações na composição mineral. Já o termovisor infravermelho, desenvolvido pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), mediu temperaturas e revelou detalhes da superfície. 

“Essa foi a primeira vez que usamos esses instrumentos para observar um pequeno satélite natural desconhecido, e o desempenho foi excelente!”, disse o cientista Michael Kueppers, do ESOC.

Os especialistas explicaram que a ESA coordenou o trabalho com a sonda Mars Express, em órbita há mais de 20 anos, para comparar dados e aprimorar futuras missões. Os resultados devem ajudar a orientar o planejamento operacional para a missão MMX de exploração das luas marcianas do próximo ano, liderada pela JAXA em colaboração com a NASA, a agência espacial francesa (CNES), o Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e a ESA.

A nave MMX não apenas coletará medições detalhadas de ambas as luas marcianas, como também pousará em Phobos (a maior delas) para coletar uma amostra e trazê-la à Terra para análise.

Sonda chega ao asteroide-alvo no fim do ano que vem

Agora, Hera segue rumo a seu destino. Em fevereiro de 2026, uma nova manobra ajustará a rota da espaçonave para alcançar o sistema Didymos/Dimorphos em dezembro daquele ano. “Essa foi apenas a primeira grande experiência de exploração da equipe Hera”, destacou Ian Carnelli, gerente da missão. “Em 21 meses, chegaremos aos nossos asteroides-alvo e estudaremos o primeiro objeto do Sistema Solar cuja órbita foi alterada de forma mensurável pela ação humana”.

Relembre a missão DART, da NASA:

  • DART foi a primeira missão da NASA a estudar de perto um sistema binário de asteroides;
  • O objetivo era assumir uma nova e audaciosa abordagem para defender a Terra de asteroides perigosos;
  • A pequena espaçonave foi lançada em 24 de novembro de 2021, a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9, para se chocar contra Dimorphos, a “lua” do asteroide Didymos, numa tentativa de alterar sua rota;
  • DART cumpriu sua missão com excelência em 26 de setembro de 2022.

Embora nem Dimorphos (de 163 metros de largura) nem seu companheiro maior (medindo 780 metros), Didymos, estivessem em rota de colisão com a Terra, o procedimento foi um teste de defesa planetária de um método que poderá, eventualmente, nos proteger do ataque de outro asteroide que possa oferecer algum risco em potencial. 

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