As discussões sobre a adoção de medidas globais para combater as mudanças climáticas nunca foram tão necessárias. E o Brasil pode ter um papel importante neste cenário. O país vai sediar a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, no final deste ano.
Por conta do evento, a cidade de Belém, no Pará, está recebendo uma série de reformas. Entre elas está uma nova rodovia de quatro faixas que corta dezenas de milhares de hectares de floresta amazônica. O governo estadual afirma que a obra é “sustentável”, mas moradores e ambientalistas criticam o impacto ambiental dela.
Discussões sobre os impactos da rodovia
A rodovia está sendo construída com o objetivo de facilitar o tráfego para a capital paraense, que vai receber mais de 50 mil pessoas, incluindo líderes mundiais, na conferência. Segundo reportagem da BBC, a obra já está em andamento, com toras de madeira empilhadas nas áreas desmatadas, que se estendem por mais de 13 km floresta adentro até Belém.
O projeto de construção da rodovia, chamada de Avenida Liberdade, foi apresentado ainda em 2012, mas foi engavetado devido a preocupações ambientais. Agora, uma série de projetos de infraestrutura foram retomados ou aprovados para preparar a cidade para a cúpula da COP.
Críticos da obra alegam que a Amazônia desempenha um papel vital na absorção de carbono para o planeta e na preservação da biodiversidade, e que esse desmatamento contradiz o próprio propósito de uma conferência climática.
Além disso, citam que a estrada vai deixar duas áreas de floresta protegida desconectadas, o que gera riscos de fragmentação do ecossistema e de interrupção no deslocamento da fauna. No entanto, o governo do Pará argumenta que corredores para a passagem de animais silvestres estão sendo construídos.
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Veja a manifestação oficial do governo do Pará sobre o assunto
“A obra da Avenida Liberdade não está derrubando a floresta, não envolve a retirada de moradores e não faz parte do pacote de investimentos federais e estaduais para a COP 30. O rito de licenciamento ambiental foi rigorosamente cumprido, inclusive com audiências públicas para ouvir as comunidades e discutir mitigação de riscos, que condicionam todo o licenciamento. As comunidades estão sendo beneficiadas com infraestrutura e serviços que vão resultar em melhora da qualidade de vida.
A avenida é um projeto antigo e está sendo construída em uma área já antropizada, por onde passa um linhão de energia. O traçado segue justamente a faixa onde a vegetação foi anteriormente suprimida. O Governo do Pará está implementando diversas soluções estratégicas para assegurar a sustentabilidade da via, incluindo a construção de ciclovias, a utilização de energia solar para sua iluminação e a implantação de 34 passagens de vida silvestre ao longo do percurso para permitir o livre tráfego da fauna local.
A avenida de cerca de 13 km é uma importante obra de mobilidade para a Região Metropolitana de Belém, vai beneficiar mais de 2 milhões de pessoas e foi licitada antes mesmo de Belém ser definida como sede da conferência. Esse projeto não faz parte do pacote de investimentos para a COP, que contempla cerca de 30 obras estruturantes desenvolvidas pelo governo do Estado”.
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