2025 pode ser o ano de Elon Musk, mas o início tem sido conturbado – pelo menos para a SpaceX. A empresa espacial da qual o bilionário é dono lançou o megafoguete Starship duas vezes em cerca de dois meses e, nas duas, viu a nave explodir.
Musk recebeu um cargo no governo de Donald Trump e fechou contratos com a NASA para usar a Starship em missões lunares. No entanto, contratempos podem atrasar um cronograma já apertado e deixam dúvidas sobre a viabilidade do foguete.
Starship: dois voos, duas explosões
A SpaceX lançou a Starship duas vezes este ano: em 16 de janeiro e na semana passada, 06 de março. Nas duas ocasiões, os voos de testes terminaram em explosão.
No primeiro lançamento do ano (e sétimo teste da nave), o motivo foi um vazamento de propelente que causou incêndios contínuos. O Olhar Digital reportou a causa completa aqui. Já no segundo caso, quatro dos seis motores do foguete falharam, causando um desligamento inesperado e um giro descontrolado céu abaixo. A empresa está investigando a causa da explosão.
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O que isso significa para a SpaceX e Elon Musk
Elon Musk recentemente ganhou um cargo no governo de Donald Trump e teve apoio do atual presidente dos Estados Unidos em suas declarações a favor da exploração espacial em Marte. No entanto, os eventos recentes da SpaceX mostraram que isso ainda pode estar um pouco distante.
As explosões não são necessariamente um problema, já que a empresa fez seu nome com base na mentalidade de “lançar, quebrar, consertar e lançar novamente”. Ou seja, se der errado, tente novamente. Além disso, a Starship será reutilizável e, quando finalmente chegar ao fim dos testes, terá uma operação contínua.
O problema é chegar lá. Isso porque os três voos de teste anteriores da nave foram um sucesso, mas o desempenho positivo não se repetiu na sétima e oitava tentativa, logo quando a Starship passou por uma atualização de design. Na prática, a versão atualizada não deu tão certo quanto as versões antigas, possivelmente forçando a SpaceX dar um passo atrás.
Outro problema é que as duas últimas falhas aconteceram na mesma parte do foguete: perto dos motores, no segundo estágio. Isso pode indicar que a empresa não está conseguindo resolver as falhas a tempo – ou, ainda, há uma grande falha no novo design da nave que ainda não foi identificado.

Starship pode afetar missões da NASA
Na prática, a Starship precisa:
- Decolar, separar o primeiro e segundo estágio do foguete, permanecer em órbita por um longo período de tempo, sair de órbita, retornar ao local de lançamento e ser capturada pelos braços mecânicos da torre Mechazilla (essa última parte deu certo nas últimas tentativas);
- Ainda, por se tratar de um modelo reutilizável, precisa fazer isso em sucessão.
No entanto, os atrasos têm repercussões que vão além da SpaceX: a NASA contratou a SpaceX para usar uma versão da Starship na missão Artemis 3, que vai levar astronautas à Lua até 2027.
Para que isso aconteça, a empresa precisa corrigir os erros. Um deles é a transmissão de propelentes do foguete, um processo essencial para que a nave acumule combustível suficiente para ir até o satélite natural (e além, em possíveis missões a Marte). Elon Musk havia afirmado que esse era um procedimento simples, mas não parece ser.
De acordo com Amit Kshatriya, vice-administrador associado do programa “Lua para Marte” da NASA, em dezembro, os testes deste ano demonstrariam o desempenho da Starship e ajudariam a agência a montar um cronograma realista para a missão Artemis 3. Segundo o The New York Times, agora que a nave ‘falhou’, não há como saber quantos lançamentos de teste serão necessários – talvez até 20.
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